quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Presságios
o estado das cores
Cleópatra Roma Grécia os sinais
Sépala da morte
na lápide a fria alma
A desencapar vozes das flores
a enfeitar os circuitos d’águas
Num crematório de catástrofes
a escorrer pelas veias enlouquecidas
Bélicos sutiãs no pedágio de máquinas
Presságios dos séculos literatura de obras celestiais
Baudelaire em Sampa dentro de mini saias
A periferia de Freud no mergulho dos sonhos
Partículas da natureza em Hospitais de cadeiras de fogo
Num abraço de microondas
fluxo de câncer e agrotóxicos
No leite materno da lua
a atmosfera plástica da metamorfose
Luiz D Salles
Cruzes
Foram: João, José.
Maria, Raimundos, Tomes,
Tâmires. Íris, Ana e Li,
E muitos...
Até quando teremos
Que cravar cruzes nos corações
E vendas nos olhos?
Ficaram:
Tribunais para julgar.
As instituições para cumprir.
Poder publico para fiscalizar.
O povo para reagir.
A impunidade persiste.
Deputados alheios,
o congresso ausente,
Governadores omissos,
vidas sendo ceifadas.
“ Genocídio campos de concentração; já vimos.”
Prisioneiros, reféns de nos mesmos.
Façam contas, façam cálculos,
Depois chorem. Oh Pátria seus filhos.
A raça humana regride,
faz qualquer abutre ter nojo,
A sociedade precisa repensar valores,
para este país, que tornou-se símbolo de cruzes.
Estamos com nossos demônios,
sem esperança, num governo relapso, e sem atitudes.
Luiz D Salles
Metafísica
A inópia Humana
O Homem e a sarjeta
Olhos assustados miram fiapos
farrapos
No meio fio
Água
que corre
escorre
lava o rosto
Torna-se rios fontes de vida
O Homem em seu lar
seu habitar
Olhos aflitos fitam inertes
Pessoas passam esvaem como o tempo
Ficam imagens que estremecem a alma
Deixam feridas que não cicatrizam
A visão gravada fragmentada inconsciente
Mostra Não há sentimentos vistos
só descasos
A sociedade que expurga os não desejáveis
Os Homens Do meio-fio
Luiz D Salles
Âmago 2
a corrente de aço
No ventre da voz
Grita a floresta
Respira de medo
ofegante
a mecânica serra
Logo a madeira de lei
será corrompida
Escondida em máquinas
O caule esmagado
Sangue pisado
No solo dissoluto
Sufocada
engole a raiz
Luiz D Salles
Âmago
Espinhos da manhã
Sangram o dia
Respiram pesadelos
Nas horas enigmáticas
Dores convalescentes
De estrelas sonhadoras
Espinhos eternizados
Na lama do pântano
Nau rumo ao desconhecido
Deriva para o abismo
Passos gigante
Gritam ao caminhar na aurora
E um botão nasce
Com as cores do mundo
Dias de chão
Para onde todos irão
Cultivadas aradas
Escavadas com as mãos
Tempos de terra
Em que a sina e certa
Ali não tens promessas
O único afago o pó micro ralo
Tempos de agonia
Lembranças boas e ruins
Esperança perdidas na estrada
Desejos que não se fizeram cumprir
Dias de suor labutas
Arte entalhada em madeira bruta
Que ficará guardada num vão
A sete palmos do chão
Dias de eternidade
Onde repousara em solo fértil
Lugar que iremos voltar
As raízes profundas da terra
Destino marcado
Traçado riscado e lavrado
Não estará deitado sozinho
Agora jaz o pó deste lugar sagrado
Luiz D Salles
A ferrovia
A ferrovia
Os homens
Num garimpaço
Transformaram sucata
Em aço corroído
Virou salário
Virou comida
Até trabalho
La foi o trem
Para usina do aço
Já não ouço apitar
Nas curvas vazias
Que a mata fechou
Onde o povo invadiu
Loteamento formou
Na espinha dorsal
Encravada na serra
Apodrece na terra
O esqueleto vazio
Arrancada por completo
Nem os pregos ficaram
Nas pedras soltas
Sobraram mordentes
Da cor do carvão
Histórias inexatas
Quem levou foi o trem
O gigante de aço
Atravessou a retina dos olhos
Nas águas dos desejos
Em relampejos de sonhos
Naquele norte inda vejo
Minha infância que segue
Na longa curva se foi
Com o apito do trem
Luiz D Salles
Poeminimos
Grito silencioso
Ofegante suicídio
Da raça humana
**
A chuva ameaça
Formigas apressadas
Como a voz do Poe/ma
**
Nos campos
Floresce cupinzeiros
Cheios de vida
**
Instinto
Nuvens de pássaros
Plantações de arroz
**
Viajante
Na sombra da nuvem
Pássaro descansa
**
[ A Clevane Pessoa & José Geraldo Neres ]
Nas folhas
Pousam pássaros
Poesias de algodão
**
Mãos
Lápis desenha
Sons de asas
Revoada
**
Seres @
Ao redor do útero
O espião escuta
**
Migrantes
Como cada amanhecer
Pássaros ciganos
Permeiam o destino dos homens
**
Incolor
Há almas
Brancas amarelas negras
Puras não tem cor
**
Estação erótica
Fim de tarde
O vento varre folhas
Outono beija árvores nuas
**
Infância
Juá amarelo como o sol
Guardado Por sentinelas de espinhos
**
Modernismo
Relógios perderam o Tic TAC
Estão mudos
O futuro surdo
**
O mendigo
Há salvação
Da humanidade
Nas chagas de um homem