sábado, 21 de novembro de 2009
Anverso
Pena
Pensamentos
Catando palavras ao vento
vicio de rabiscar folhas
Poesias Anversos
Métrica Crônica
Os versos da vida
reversos da morte
inverso de tudo
Pesadelos ensejos
que não consegui trazer a tona
E reescrever a ânsia
da vida
Neste mar revolto.
Luiz D Salles
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
Presságios
o estado das cores
Cleópatra Roma Grécia os sinais
Sépala da morte
na lápide a fria alma
A desencapar vozes das flores
a enfeitar os circuitos d’águas
Num crematório de catástrofes
a escorrer pelas veias enlouquecidas
Bélicos sutiãs no pedágio de máquinas
Presságios dos séculos literatura de obras celestiais
Baudelaire em Sampa dentro de mini saias
A periferia de Freud no mergulho dos sonhos
Partículas da natureza em Hospitais de cadeiras de fogo
Num abraço de microondas
fluxo de câncer e agrotóxicos
No leite materno da lua
a atmosfera plástica da metamorfose
Luiz D Salles
Cruzes
Foram: João, José.
Maria, Raimundos, Tomes,
Tâmires. Íris, Ana e Li,
E muitos...
Até quando teremos
Que cravar cruzes nos corações
E vendas nos olhos?
Ficaram:
Tribunais para julgar.
As instituições para cumprir.
Poder publico para fiscalizar.
O povo para reagir.
A impunidade persiste.
Deputados alheios,
o congresso ausente,
Governadores omissos,
vidas sendo ceifadas.
“ Genocídio campos de concentração; já vimos.”
Prisioneiros, reféns de nos mesmos.
Façam contas, façam cálculos,
Depois chorem. Oh Pátria seus filhos.
A raça humana regride,
faz qualquer abutre ter nojo,
A sociedade precisa repensar valores,
para este país, que tornou-se símbolo de cruzes.
Estamos com nossos demônios,
sem esperança, num governo relapso, e sem atitudes.
Luiz D Salles
Metafísica
A inópia Humana
O Homem e a sarjeta
Olhos assustados miram fiapos
farrapos
No meio fio
Água
que corre
escorre
lava o rosto
Torna-se rios fontes de vida
O Homem em seu lar
seu habitar
Olhos aflitos fitam inertes
Pessoas passam esvaem como o tempo
Ficam imagens que estremecem a alma
Deixam feridas que não cicatrizam
A visão gravada fragmentada inconsciente
Mostra Não há sentimentos vistos
só descasos
A sociedade que expurga os não desejáveis
Os Homens Do meio-fio
Luiz D Salles
Âmago 2
a corrente de aço
No ventre da voz
Grita a floresta
Respira de medo
ofegante
a mecânica serra
Logo a madeira de lei
será corrompida
Escondida em máquinas
O caule esmagado
Sangue pisado
No solo dissoluto
Sufocada
engole a raiz
Luiz D Salles
Âmago
Espinhos da manhã
Sangram o dia
Respiram pesadelos
Nas horas enigmáticas
Dores convalescentes
De estrelas sonhadoras
Espinhos eternizados
Na lama do pântano
Nau rumo ao desconhecido
Deriva para o abismo
Passos gigante
Gritam ao caminhar na aurora
E um botão nasce
Com as cores do mundo
Dias de chão
Para onde todos irão
Cultivadas aradas
Escavadas com as mãos
Tempos de terra
Em que a sina e certa
Ali não tens promessas
O único afago o pó micro ralo
Tempos de agonia
Lembranças boas e ruins
Esperança perdidas na estrada
Desejos que não se fizeram cumprir
Dias de suor labutas
Arte entalhada em madeira bruta
Que ficará guardada num vão
A sete palmos do chão
Dias de eternidade
Onde repousara em solo fértil
Lugar que iremos voltar
As raízes profundas da terra
Destino marcado
Traçado riscado e lavrado
Não estará deitado sozinho
Agora jaz o pó deste lugar sagrado
Luiz D Salles
A ferrovia
A ferrovia
Os homens
Num garimpaço
Transformaram sucata
Em aço corroído
Virou salário
Virou comida
Até trabalho
La foi o trem
Para usina do aço
Já não ouço apitar
Nas curvas vazias
Que a mata fechou
Onde o povo invadiu
Loteamento formou
Na espinha dorsal
Encravada na serra
Apodrece na terra
O esqueleto vazio
Arrancada por completo
Nem os pregos ficaram
Nas pedras soltas
Sobraram mordentes
Da cor do carvão
Histórias inexatas
Quem levou foi o trem
O gigante de aço
Atravessou a retina dos olhos
Nas águas dos desejos
Em relampejos de sonhos
Naquele norte inda vejo
Minha infância que segue
Na longa curva se foi
Com o apito do trem
Luiz D Salles
Poeminimos
Grito silencioso
Ofegante suicídio
Da raça humana
**
A chuva ameaça
Formigas apressadas
Como a voz do Poe/ma
**
Nos campos
Floresce cupinzeiros
Cheios de vida
**
Instinto
Nuvens de pássaros
Plantações de arroz
**
Viajante
Na sombra da nuvem
Pássaro descansa
**
[ A Clevane Pessoa & José Geraldo Neres ]
Nas folhas
Pousam pássaros
Poesias de algodão
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Mãos
Lápis desenha
Sons de asas
Revoada
**
Seres @
Ao redor do útero
O espião escuta
**
Migrantes
Como cada amanhecer
Pássaros ciganos
Permeiam o destino dos homens
**
Incolor
Há almas
Brancas amarelas negras
Puras não tem cor
**
Estação erótica
Fim de tarde
O vento varre folhas
Outono beija árvores nuas
**
Infância
Juá amarelo como o sol
Guardado Por sentinelas de espinhos
**
Modernismo
Relógios perderam o Tic TAC
Estão mudos
O futuro surdo
**
O mendigo
Há salvação
Da humanidade
Nas chagas de um homem